Sete carros diferentes passaram pelo comando da corrida
Portugueses sobem ao pódio nos H-1971 e H-1976
Um Lotus volta a vencer o Index de Performance
Já a noite contemplava as Ardenas belgas quando John Tordoff e Andrew Jordan, ao volante de um Lotus Elan, cortavam tranquilamente a linha de meta do Circuit de Spa-Francorchamps para celebrar um merecido triunfo nas 3 Horas de Spa, a quarta e mais longa corrida da temporada do Iberian Historic Endurance. Num fim de semana de Verão na província de Liege, em que as célebres condições climatéricas instáveis da região não se fizeram sentir, a extensa grelha do Iberian Historic Endurance voltou a proporcionar uma excelente corrida no “plus beau Circuit du Monde”, reunindo mais de centena e meia de pilotos provenientes de doze países diferentes para este magnífico confronto entre carros de Turismo e de Grande Turismo até 1976. No final da tarde de sábado, a sessão de qualificação determinou que o Ginetta G4R (H-1965) da dupla dinamarquesa Palle Pedersen / Nicolai Kjaergaard arrancasse da primeira posição, tendo ao seu lado o Porsche 911 3.0 RS (H-1976) do também dinamarquês Lars Rolner e do local Pierre-Alain Thibaut. Na segunda linha da grelha de partida, posicionou-se o TVR Griffith 200 dos britânicos Harry Barton/Oliver Reuben (H-1965) e o Porsche 911 3.0 RS (H-1976) cor-de-rosa da dupla dinamarquesa Annette Rolner/Michael Holden, ao passo que a terceira linha foi formada pelo Shelby Cobra Daytona de Brice Pineau/Oliver Muytjens/Grégoire Audi e pelo Jaguar Type-E de Rhea Sautter e Andrew Newall. A primeira hora de corrida foi bastante dura, levando consigo o Ginetta (abandonou), mas que mesmo assim fez a melhor volta da corrida, e o TVR Griffith 200 mais rápido (uma paragem longa nas boxes), catapultando para o comando os dois Porsche da familia Rolner. No entanto, um safety-car juntou o pelotão para as duas horas restantes de competição no verdejante circuito. A sorte não estava do lado da família Rolner, e quando o cronómetro assinalava a chegada à metade da corrida, o Porsche cor-de-rosa “parou” no segundo sector da pista, enquanto o carro com as cores da Martini Racing iria afundar-se na classificação sete voltas depois, após ter completado seis voltas no topo da classificação. Entre estes dois infortúnios, o Jaguar E-Type de Sautter e Newall passou pela liderança da corrida por duas voltas. No final da segunda hora, o Shelby Cobra de Charlie Allison e Peter Thompson assumia o papel de protagonista, perseguido pelo Ford Shelby Mustang 350 GT da família Devis, que a duas voltas do final da corrida haveria de abandonar, e pelo Shelby Cobra de Jacques Catelein, Kurt Dujardin e Marc Duez - o ex-piloto de ralis que um se celebrizou na velocidade ao vencer as 24 Horas de Nurburgring e as 24 Horas de Spa. Quando os dois Cobra fizeram a sua última paragem nas boxes, o Lotus Elan de Alexis, Christian e Lando Graf von Wedel passou para primeiro, posição que manteve apenas por três voltas.
Rodando discretamente, mas sempre entre os seis primeiros, o Lotus Elan de John Tordoff, pai do ex-piloto do BTCC Sam Todorff, e Andrew Jordan, o campeão do BTCC em 2013, apareceu nas últimas dez voltas. O ágil carro britânico esteve imune a problemas e com um ritmo muito forte na parte final da corrida, o duo subiu ao primeiro posto na última meia hora para não mais largar a posição, e assim suceder a Christophe Van Riet e Fred Bouvet, vencedores das edições dos dois últimos anos, e que tiveram problemas nos treinos com o seu Chevrolet Corvette.
Na penúltima volta da corrida, o imponente E-Type de Sautter e Newall levou a melhor sobre o Elan do clã Graf von Wedel na batalha pelo segundo lugar, num pódio de marcas do Reino Unido e de concorrentes da classe H-1965.
Triunfo justo nos H-1976 Com a rapidez que já nos habituaram, Rolner e Thibaut celebraram um justo triunfo entre os concorrentes da classe H-1976. Os portugueses Bruno Santos e Cláudio Vieira, num Porsche 911 3.0 RS, fizeram uma excelente corrida na sua estreia no difícil circuito de sete quilómetros de extensão e obtiveram um meritório segundo lugar, ainda na volta do carro vencedor. O pódio dos H-1976 contou ainda com presença de um Ford Escort RS2000 vindo da ponta oeste da Europa. Ricardo Pereira, Fernando Gaspar e o estreante André Pardal executaram uma corrida quase perfeita, para terminarem na terceira posição.
O “top-7” dos H-1976 foi preenchido por outros “bravos lusitanos”. Mário Meireles e Vasco Nina, no Porsche 911 2.8 RS que venceu as “3 Heures de Pau”, foram os quartos classificados, na frente de Nuno Breda/Rui Ribeiro/João Rebelo Martins, que fizeram uma corrida “detrás para a frente” com o Ford Escort RS2000 da Breda Motorsport. Bruno Duarte e Filipe Jesus, num Porsche 911 3.0 RS, foram os sextos classificados, uma posição à frente do Ford Escort RS2000 do trio composto por Bruno Lima, João Paradela e Diogo Ferrão. O regressado Ford Escort MKII RS de Paulo Lima/Mauro Fernandes/Paulo Vieira encontrou problemas ainda na primeira meia hora da corrida, voltando ainda à pista para voltar a parar, desta vez para abandonar.
Vitória surpresa nos H-1971 Na classe H-1971, assistiu-se à vitória surpresa protagonizada pelo trio Eric Douart/Guy Chriqui/Eric Parsinski. Os franceses do BMW 2800 CS vieram sempre a subir lugares na classificação ao longo da corrida, suplantando o Alfa Romeo GTAm dos alemães Volker Hichert/Bjorn Ebsen, que vinha a liderar a classificação da categoria, a meio da contenda. O experiente duo luso-germânico José Carvalhosa/Christian Oldendorff completou o pódio.
Ainda no que respeita ao contingente nacional, Manuel Ferrão e Diogo Ferrão, que dividiram a condução do Porsche 911 2.3 ST, foram os sétimos classificados. Jorge Santos, que fez equipa com os irmãos ex-campeões nacionais de velocidade Alcides e Jorge Petiz, num Alfa Romeo GTAm, ficou ainda classificado no 8º lugar, após a equipa perder muito tempo com um cabo de acelerador partido, ao passo que Francisco Pinto Abreu, que fez parelha com o francês François Guerin, foi o 11º classificado após uma paragem adicional devido a um furo.
O Porsche 911 2.5 ST de Piero dal Maso/Guilherme dal Maso/José Carvalhosa, chegou a rodar na segunda posição da classe, mas desistiu aos 55 minutos de prova.
Pai e filho vencem Index de Performance
Tordoff e Jordan não foram os únicos a festejarem um triunfo ao volante de um Lotus Elan nesta intensa corrida, pois Jos Stevens e Bob Stevens tinham motivos para sorrir, ao terminarem na primeira posição da classificação do Index de Performance. Ao superarem Nigel Adams/Lyndon Griffin (Lotus Elan S1) e Volker Hichert/Bjorn Ebsen (Alfa Romeo GTAm), a dupla neerlandesa, pai e filho, levou para casa um cobiçado relógio de “alma latina e coração suíço” da prestigiada relojoeira Cuervo y Sobrinos.
Para Diogo Ferrão, CEO da Race Ready, a passagem por Spa, saldou-se num enorme sucesso: “Este evento provou novamente ser um dos destaques do nosso calendário com uma enorme lista de inscritos e um excelente ambiente de saudável competição quer na pista quer nas boxes, com lutas sempre interessantes para o público e para os pilotos.” Depois desta emocionante corrida no Circuit de Spa-Francorchamps, o Historic Endurance entra agora na merecida pausa de Verão, para regressar em força com a tradicional prova no programa do Estoril Classics, no fim de semana de 7 e 8 de Outubro, naquele que já se afirmou como um dos maiores eventos mundiais de clássicos de competição.
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